quinta-feira, 23 de janeiro de 2020
Brasil registra primeira morte por febre hemorrágica em 20 anos
Nesta semana, o Brasil tomou conhecimento da morte de uma pessoa por febre hemorrágica. Foi o primeiro caso em duas décadas. Um método desenvolvido por cientistas brasileiros foi fundamental para o diagnóstico.
Uma amostra de sangue do homem que morreu está protegida num freezer em um laboratório no Hospital Albert Einstein. Nela, médicos descobriram um vírus parecido com o que provocou casos de febre hemorrágica no Brasil há mais de 20 anos.
“A gente acredita que é um vírus novo, esse tem 85% de similaridade com o vírus que foi encontrado na década de 1990”, explicou João Renato Rebello Pinho, coordenador do Laboratório de Técnicas Especiais do Hospital Albert Einstein.
O vírus matou um homem de 52 anos no dia 11 de janeiro. Ele era pintor, morava em Sorocaba e tinha viajado para outras cidades do interior de São Paulo: Itapeva, Iporanga e Eldorado, onde ele estava quando os primeiros sintomas apareceram, no dia 30 de dezembro.
Os médicos suspeitavam que o paciente tivesse febre amarela, mas o exame deu negativo. Fizeram testes para dezenas de outras doenças: dengue, zika, chikungunya, HIV e nada. O paciente estava piorando. Três dias depois que ele morreu, médicos descobriram, em um laboratório, qual era o vírus.
O diagnóstico só veio com o uso de um novo método. Os médicos retiraram do sangue todo material genético humano. Isso facilitou encontrar o vírus, que foi identificado em um sequenciador genético.
“A gente desenvolveu esse método no próprio laboratório, é um método completamente nacional. Esse método, na verdade, foi o que nos permitiu fazer o diagnóstico dessa doença, porque não é um vírus que nós estivéssemos pensando, acho que ninguém ia pensar num vírus que não estava presente há mais de 20 anos no nosso país”, avaliou João Renato Rebello Pinho.
O vírus é transmitido por fezes e urina de roedores silvestres, em mata densa. A transmissão entre pessoas pode acontecer se houver contato com secreções, como saliva e sangue. Por isso, pelo menos cem pessoas que estiveram com o pintor ou examinaram material dele estão sendo monitoradas.
A doença começa com sintomas como febre, mal-estar, sensibilidade à luz, dor de estômago, intestino preso, dores musculares. Depois, pode apresentar comprometimento neurológico, hepatite, dor na barriga, hemorragias.
As autoridades de saúde dizem que não há motivo para pânico.
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